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Hotel Íris

Yoko Ogawa, em Hotel Íris, concede a narração à personagem Mari, uma adolescente de dezessete anos que trabalha na recepção do hotel que dá título ao livro. O estabelecimento fica em uma região litorânea e é um negócio de família, que tem como administradora a mãe da jovem, uma mulher linha-dura e viúva.
A ordem do cotidiano é comprometida quando, certa noite, irrompe uma discussão entre uma prostituta e um homem misterioso, hóspedes no quarto 202. Após o escândalo, Mari sente-se atraída pelo homem, que conta cerca de sessenta anos, está às voltas com a tradução de um romance russo e tem um passado suspeito quanto à morte de sua esposa. Os dois iniciam um relacionamento para lá de controverso, com uma busca pelo prazer por meios degradantes, humilhantes e violentos.
Com excelente controle narrativo, Ogawa demonstra em Hotel Íris como a memória, tema recorrente em suas ficções, pode adquirir formas variadas e nada óbvias. Determinado desejo, por exemplo, que parece estranho demais e até inexplicável - como pode alguém querer isso?, perguntamos -, à luz de uma lembrança torna-se compreensível e confere sofisticação à história, pois se revela uma associação inesperada na trama.
Mari, a despeito da pouca idade e dos absurdos a que se submete, possui sabedoria o suficiente para questionar as recordações pessoais e alheias, além de perceber que nem ela, nem ninguém, se livra tão fácil de traumas graves. Em observação de seu próprio caso, ela pode afirmar, conforme diz a determinada altura da narração, que "expôs o lado mais abjeto de um ser humano".

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Yoko Ogawa, em Hotel Íris, concede a narração à personagem Mari, uma adolescente de dezessete anos que trabalha na recepção do hotel que dá título ao livro. O estabelecimento fica em uma região litorânea e é um negócio de família, que tem como administradora a mãe da jovem, uma mulher linha-dura e viúva.
A ordem do cotidiano é comprometida quando, certa noite, irrompe uma discussão entre uma prostituta e um homem misterioso, hóspedes no quarto 202. Após o escândalo, Mari sente-se atraída pelo homem, que conta cerca de sessenta anos, está às voltas com a tradução de um romance russo e tem um passado suspeito quanto à morte de sua esposa. Os dois iniciam um relacionamento para lá de controverso, com uma busca pelo prazer por meios degradantes, humilhantes e violentos.
Com excelente controle narrativo, Ogawa demonstra em Hotel Íris como a memória, tema recorrente em suas ficções, pode adquirir formas variadas e nada óbvias. Determinado desejo, por exemplo, que parece estranho demais e até inexplicável - como pode alguém querer isso?, perguntamos -, à luz de uma lembrança torna-se compreensível e confere sofisticação à história, pois se revela uma associação inesperada na trama.
Mari, a despeito da pouca idade e dos absurdos a que se submete, possui sabedoria o suficiente para questionar as recordações pessoais e alheias, além de perceber que nem ela, nem ninguém, se livra tão fácil de traumas graves. Em observação de seu próprio caso, ela pode afirmar, conforme diz a determinada altura da narração, que "expôs o lado mais abjeto de um ser humano".

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