Uma narradora que não revela seu nome ou outros detalhes sobre si, mas compartilha com o leitor suas angústias diante do tempo em que vive - o período entre as eleições presidenciais de 2018 e 2022 -, questionando com frequência o próprio ato de registrar a história enquanto ela acontece. O romance de Dheyne de Souza desafia estruturas narrativas, oscilando entre diário, livro de memórias e um híbrido de gêneros que se revoltam contra suas próprias formas.
Com seu tom intimista, vão é um diálogo direto com o leitor, este outro personagem implícito na construção do romance. A autora tensiona os limites entre realidade e ficção, entregando um livro-registro das turbulências na história brasileira recente enquanto questiona os próprios mecanismos da escrita e da memória.