Urupema é uma daquelas histórias deliciosas que dão vontade de ler devagar, para não acabarem logo. Com
absoluta perícia, a autora recria aspectos de um microcosmo marcado pelo imperativo da sobrevivência de imigrantes aportados em terras brasileiras no final do século XIX. Como quem percorre a errância dos vaga-lumes, com seus lampejos
fugidios, a narradora se abre com profundo interesse à alteridade. Caminhando ao lado dela, somos levados a perceber
cheiros, sabores, texturas, sons e paisagens que configuram o universo fecundo e rico do inteiramente outro. E, como se
não bastasse, a escrita potente de Delmaschio abarca uma cadência lírica capaz de recobrir os mais intrincados meandros
da memória de sua narradora.