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O som da montanha

A cada dia Shingo Ogata trava novos confrontos com a memoria que desvanece. Preocupado com a decadência moral de seus descendentes, divide-se entre a difícil função de chefe de familia e o clamor da beleza que o traz a todo instante para paisagens que estão além de seu convívio com os homens. Parte da chamada ?trilogia dos sentimentos humanos?, ao lado de O país das neves (Estação Liberdade, 2004) e Mil tsurus (Estação Liberdade, 2006), a presente obra constitui um exercício estilístico de rara felicidade: resultado da busca de vida inteira pela depuração total da arte romanesca, a simplicidade do narrar aqui se apresenta plena, suave, homogênea. Kawabata maneja com habilidade seus personagens em meio ao delicado tecido dramático. Com a sutileza que lhe é peculiar, faz brotarem da narrativa os demônios pessoais que a rigidez da família japonesa não é capaz de conter em uma era de incertezas que sobreveio à Segunda Guerra Mundial. Shingo Ogata, representante de uma geração que se despede, luta para fazer valer sua autoridade e a sabedoria da tradição, mas é incessantemente capturado por flores, cantos de pássaros e, mais amiúde, pela beleza e delicadeza da jovem nora, Kikuko. Apresentando os primeiros laivos de senilidade, Ogata já não está totalmente presente. Sua existência lírica anuvia sua vida prática. Mais uma obra magistral do Prêmio Nobel Yasunari Kawabata.

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A cada dia Shingo Ogata trava novos confrontos com a memoria que desvanece. Preocupado com a decadência moral de seus descendentes, divide-se entre a difícil função de chefe de familia e o clamor da beleza que o traz a todo instante para paisagens que estão além de seu convívio com os homens. Parte da chamada ?trilogia dos sentimentos humanos?, ao lado de O país das neves (Estação Liberdade, 2004) e Mil tsurus (Estação Liberdade, 2006), a presente obra constitui um exercício estilístico de rara felicidade: resultado da busca de vida inteira pela depuração total da arte romanesca, a simplicidade do narrar aqui se apresenta plena, suave, homogênea. Kawabata maneja com habilidade seus personagens em meio ao delicado tecido dramático. Com a sutileza que lhe é peculiar, faz brotarem da narrativa os demônios pessoais que a rigidez da família japonesa não é capaz de conter em uma era de incertezas que sobreveio à Segunda Guerra Mundial. Shingo Ogata, representante de uma geração que se despede, luta para fazer valer sua autoridade e a sabedoria da tradição, mas é incessantemente capturado por flores, cantos de pássaros e, mais amiúde, pela beleza e delicadeza da jovem nora, Kikuko. Apresentando os primeiros laivos de senilidade, Ogata já não está totalmente presente. Sua existência lírica anuvia sua vida prática. Mais uma obra magistral do Prêmio Nobel Yasunari Kawabata.

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