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Mulher das dunas

Jumpei Niki, o protagonista deste livro, é professor de escola e também colecionador de insetos. Por causa desta sua segunda atividade e por querer gravar seu nome na eternidade de maneira um tanto exótica, ele excursiona solitário a um vilarejo distante, localizado em meio às dunas de um grande areal.
Os moradores do povoado oferecem-lhe uma hospitalidade duvidosa, que aparentemente não passa de um disfarce para intenções muito menos virtuosas; e ele se encontra de repente sem saída como os insetos que captura, preso junto à mulher que habita a casa em que ele pernoitou.
Os dois trabalham incessantemente, tirando a areia que não cessa de impregnar tudo; e a partir daí Kobo Abe faz com que os leitores reflitam sobre o valor do trabalho, sobre o tempo, a liberdade e a solidão, sobre a vida na cidade e fora dela, sobre a perseverança do ser humano em viver apesar de todo o sofrimento.
A estranheza de A mulher das dunas reside tanto na linguagem peculiar da narração quanto nas ações e nos modos de pensar dos personagens, além das propositais confusões de tempo e espaço. Entram em cena diversas situações absurdas, que o indivíduo tem de suportar sem que ninguém, a não ser ele próprio, enxergue nelas algo de errado. Num primeiro instante, tais situações perturbam, de tão ilógicas e surreais, mas, conforme se repetem, se revelam reconhecíveis e compatíveis com os fatos da vida além da ficção.
Assim, sem dúvida alguma, a estranheza atrai mais do que afasta. Quem atender ao convite à leitura desta obra sui generis, sobretudo aqueles que por acaso tendem um pouco à paranoia ou à claustrofobia, sentirão inevitavelmente certo incômodo. Mas um incômodo daqueles prazerosos, nos quais se descobre uma felicidade profunda e se pressente um aprendizado duradouro.
Acompanhar o que acontece com Jumpei Niki é, junto a ele, perder de vista o horizonte, porém, ainda assim, confiar que este continua tecido entre céu e terra. É untar-se de areia dos pés à cabeça, da garganta ao lado de dentro das pálpebras, dos vãos entre os dedos ao fundo da alma. E é também aprender os momentos certos de saber quando olhar para dentro de si mesmo e para fora.

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Jumpei Niki, o protagonista deste livro, é professor de escola e também colecionador de insetos. Por causa desta sua segunda atividade e por querer gravar seu nome na eternidade de maneira um tanto exótica, ele excursiona solitário a um vilarejo distante, localizado em meio às dunas de um grande areal.
Os moradores do povoado oferecem-lhe uma hospitalidade duvidosa, que aparentemente não passa de um disfarce para intenções muito menos virtuosas; e ele se encontra de repente sem saída como os insetos que captura, preso junto à mulher que habita a casa em que ele pernoitou.
Os dois trabalham incessantemente, tirando a areia que não cessa de impregnar tudo; e a partir daí Kobo Abe faz com que os leitores reflitam sobre o valor do trabalho, sobre o tempo, a liberdade e a solidão, sobre a vida na cidade e fora dela, sobre a perseverança do ser humano em viver apesar de todo o sofrimento.
A estranheza de A mulher das dunas reside tanto na linguagem peculiar da narração quanto nas ações e nos modos de pensar dos personagens, além das propositais confusões de tempo e espaço. Entram em cena diversas situações absurdas, que o indivíduo tem de suportar sem que ninguém, a não ser ele próprio, enxergue nelas algo de errado. Num primeiro instante, tais situações perturbam, de tão ilógicas e surreais, mas, conforme se repetem, se revelam reconhecíveis e compatíveis com os fatos da vida além da ficção.
Assim, sem dúvida alguma, a estranheza atrai mais do que afasta. Quem atender ao convite à leitura desta obra sui generis, sobretudo aqueles que por acaso tendem um pouco à paranoia ou à claustrofobia, sentirão inevitavelmente certo incômodo. Mas um incômodo daqueles prazerosos, nos quais se descobre uma felicidade profunda e se pressente um aprendizado duradouro.
Acompanhar o que acontece com Jumpei Niki é, junto a ele, perder de vista o horizonte, porém, ainda assim, confiar que este continua tecido entre céu e terra. É untar-se de areia dos pés à cabeça, da garganta ao lado de dentro das pálpebras, dos vãos entre os dedos ao fundo da alma. E é também aprender os momentos certos de saber quando olhar para dentro de si mesmo e para fora.

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