Mitos, gritos e sussurros, de Maíra Thomé Marques, reúne contos ambíguos. Não porque carregam irresoluções, apenas, mas porque seus personagens buscam pertencimento num mundo tensionado entre a lei e o desejo. E o confronto, sugerido ou patente, com figuras de autoridade é apenas um dos modos de iluminar os mistérios da condição humana.
As existências narradas pela autora, delimitadas por normas sociais, convenções familiares e ritos mitológicos - e, ao mesmo tempo, instigadas pela fragilidade dessas formas de controle -, deflagram certo fascínio pela memória construída sobre um horror fundante: o de ter nascido.