Como se conta a história de uma família? Quais peças compõem as memórias? O que sabemos sobre alguém, além do que essa pessoa escolhe nos mostrar?
Uma família se parte em pedaços e seus integrantes buscam maneiras, às vezes sutis, às vezes extremas, de colar os cacos. Uma mãe que prefere o silêncio, uma tia que cuida dos sobrinhos enquanto a vida desmorona ao seu redor, uma filha que busca a felicidade em qualquer lugar que não ali. Personagens que se refugiam em empregos ou no trabalho de cuidado, e que recorrem à tecnologia como forma de organizar suas emoções, de realizar pequenos atos de vigilância ou simplesmente de sobreviver neste mundo precário.
No estilo da arte japonesa que dá título ao livro, María José Navia reconstrói as vidas destruídas dos protagonistas, destacando lindamente suas cicatrizes, tanto daqueles que partiram quanto dos que ficaram para trás. Uma história que explora a interioridade dos personagens e seu desenvolvimento ao longo do tempo, nas aparências, nos silêncios e principalmente nas possibilidades de transformação trazidas pela dor e pelos fantasmas da ausência.