Criar games é trazer quem joga para seu mundo, entreter, impactar e, acima de tudo, contar histórias. Mas quem está por trás dessas criações nem sempre tem a própria história contada ao mundo. Quer dizer, alguns têm. Mas é das algumas que quero falar hoje. Desenvolvedoras dificilmente estão sob os holofotes, e aqui observamos o dia de sete delas. Aqui não é aquele tipo de palco com holofote e mestre de cerimônias. Crônicas de Minas Gamedevs é sobre a vida real (tem uma metamorfose em humano-escorpião, mas juro que ainda é sobre a realidade). Espiamos o dia de Ami, Tainá, Chu, Edith, Camila, Raquel e Julia. De desenvolvedoras que existem, que vivem a indústria de games rotineiramente e, também rotineiramente, precisam provar que ali é seu lugar. Ser mulher é ter no simples ato de existir uma afirmação política. Não é uma escolha. Não é só na área de games. Piora se for de mais uma minoria. Os questionamentos vêm dos colegas, do público, de dentro. Às vezes dá vontade de sair, procurar outras coisas, águas menos turbulentas. Não julgo quem faz. Já o fiz. Não existem águas tão menos turbulentas assim, e elas tampouco nos levam aonde queremos ir. Nossas vivências são, muitas vezes, consideradas pequenas, irrelevantes. Insignificantes. Mas podem significar prumo para alguém ao redor. Quando ensaiava meus primeiros passos cobrindo games, recém-saída da faculdade uns anos atrás, teria dado tudo pra conhecer o cotidiano de algumas dessas minas incríveis. Veria que as histórias que contamos no trabalho são diferentes, mas as nossas histórias pessoais e dúvidas não eram, no fundo, tão diferentes assim. Espero que conhecê-las agora aqueça seu coração como aqueceu o meu.