O fim da inocência em uma nova história de Thomas Ott que vai te deixar sem palavras Depois de anos dedicados à ilustração, Thomas Ott faz seu retorno magistral à ficção com A Floresta, um conto arrebatador que diz tudo que precisamos ouvir sem nenhuma palavra. O artista é um grande narrador visual acostumado à publicação de histórias curtas, e domina o universo das sombras em um preto e branco único e fantasmagórico em que a ausência intencional de balões e recordatórios cria em nossa mente vozes capazes de manifestar no silêncio o verdadeiro espanto diante do horror. A Floresta é a segunda obra do mestre suíço publicada no Brasil pela DarkSide® Books, depois de Cinema Panopticum, em que os leitores são conduzidos por uma jovem menina e sua curiosidade até uma cabine escura repleta de caixas com pequenos filmes. Se nesta obra Thomas se apropriou da mágica dos cinetoscópios - considerado o primeiro equipamento a conseguir capturar imagens em movimento e nos levar às origens do seu cinema ilustrado -, em A Floresta acompanhamos outro jovem protagonista, desta vez em uma cerimônia fúnebre, que sai rumo ao desconhecido em uma jornada iniciática e se depara com situações absurdas e delicadas. Segundo Daphne Bétard, a graphic novel apresenta "a pura força das imagens esculpidas para expressar as angústias da infância, o fim da inocência, a perda de entes queridos, a busca de si e a força das memórias". Ott utiliza a técnica do carte à gratter, em que faz primeiro o desenho em uma folha, o copia sobre o papel de riscar e, em seguida, talha o papel escuro com um estilete, criando esse efeito das pequenas linhas sobre a superfície. Um trabalho extremamente minucioso em que o artista praticamente não tem margem para erros. O resultado é uma obra de arte precisa, hipnotizante, repleta de detalhes e camadas, na qual o leitor sempre encontra algo novo a cada releitura. Um dos relatos mais íntimos de Thomas Ott, A Floresta é uma história que aborda angústia e o peso da existência, mas que também propaga feixes de luz por entre os arbustos que florescem em todos nós.