Fortuna (1931-1994), um dos fundadores d'O Pasquim, deixou seu nome na história do humorismo brasileiro como um dos maiores cartunistas da sua geração. Foi um crítico severo e irônico do golpe militar de 1964, quando publicava charges nas páginas do jornal Correio da Manhã. Mas seu traço e seu texto inconfundíveis não se limitaram ao humor político: com sua impactante mistura de nonsense e aguda observação, os trabalhos de Fortuna estiverem presentes nas capas de diversos livros e revistas, nas tiradas irônicas sobre os logotipos, e na criação das histórias da Madame e seu Bicho Muito Louco. Fortuna - O Cartunista dos Cartunistas foi organizado por Cássio Loredano e reúne quase 50 anos de atividade do humorista brasileiro nas suas diversas fases: desde a colaboração na revista A Cigarra até as charges finais na Gazeta Mercantil, com passagens marcantes pela revista Veja e pela Folha de S. Paulo. A maior parte do material estava inédita em livro. O leitor poderá agora entrar em contato com o trabalho desse artista que foi considerado um dos 100 melhores cartunistas do mundo pela Casa do Humor e Sátira de Gabrovo, da Bulgária, em 1977 - e que, vinte anos antes, já havia conquistado o primeiro prêmio para desenho humorístico de Bordighera, San Remo, Itália. No prefácio ao livro, Ferreira Gullar, ao salientar a expressividade e a contundência do trabalho de humor de Fortuna, observa que a sua obra trata "também de uma outra maneira de contar a nossa história, diferentemente de como a contam cronistas e historiadores. Esta é também uma reflexão crítica sobre a vida nacional." É com orgulho e continuado esforço em prol da memória que a Pinakotheke publica Fortuna - o Cartunista dos Cartunistas, seleta de um artista de humor que fez da sua obra uma forma de provocar a reflexão e o riso.